A NOITE QUE FORA DE NATAL/CARTA DO PAI NATAL/OS MORTOS - Opinião do Livro - Para Lá da Kapa

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A NOITE QUE FORA DE NATAL/CARTA DO PAI NATAL/OS MORTOS - Opinião do Livro

Título: A Noite Que Fora de Natal; Carta do Pai Natal; Os Mortos 
Autor: Jorge de Sena; Mark Twain; James Joyce
Editora: Guerra & Paz
Sinopse: Ver aqui
Lançamento: 2016


  Este livro é uma obra editada pela Guerra & Paz e é composta por três contos natalícios distintos. Só de o ter na mão e de folhear as suas páginas vermelhas, a sua beleza e vivacidade são contagiantes! É uma coletânea peculiar e original, sendo o livro ideal para quem quer passar um dia bem disposto.   




  A Noite Que Fora de Natal, de Jorge de Sena, é o primeiro conto e o meu preferido. Consegue ser cómico, o que requer perícia e talento, principalmente com as críticas que o autor faz, ao mesmo tempo que nos dá a perceção do glorioso Império Romano, na altura em que o Cristianismo surgiu. 

  Por um lado, temos o Marco Semprónio, que considera essa religião de "um só Deus" um disparate. Fiquei com a ideia de que a personagem a compara a uma epidemia invasora, contaminando a própria Roma. O outro romano revela-nos o oposto, isto é, a filosofia típica cristã, o que delineia um contraste espetacular, enquanto os dois falam sobre o antigamente...

  O segundo conto, A Carta do Pai Natal, de Mark Twain, é o mais pequeno do trio. O que lhe falta em tamanho, existe redobrado em descrições leves e momentos de humor e afeto. Uma carta do Pai Natal a uma criança, retocando aspetos como a compaixão para com os desfavorecidos e a humildade.


   Os Mortos, de James Joyce, é o último e o maior conto deste belo livro amarelo. O enredo localiza-se numa era extremamente elegante, caracterizada por grandes costumes, respeito e integridade. A maioria do conto passa-se numa ceia anual, eximiamente preparada pelas tias de Gabriel, personagem cuja perspetiva nos acompanha até ao fim. 
Também observamos o lado contraproducente da sociedade da época, marcado por preconceitos, uma forte ligação ao passado e uma certa apatia generalizada.

O conto e o próprio livro acabam com Gabriel a dar-se conta de quão banal e vazio tem sido o seu casamento, em oposição ao romance que a sua esposa viveu quando era jovem: "Um homem havia morrido por ela." 
O conto é apelativo e aliciante, uma vez que encontramos de tudo um pouco e, esse pouco, é bom.


"Então Gretta tinha vivido aquele romance: um homem havia morrido por ela. Não o magoava muito pensar na ínfima parte que ele, como marido, tinha desempenhado na vida dela. Ficou a observá-la enquanto dormia como se ele e ela nunca tivessem vivido juntos como marido e mulher.... Lágrimas generosas encheram os olhos de Gabriel. Nunca tinha nutrido aquele sentimento em relação a mulher alguma, mas sabia que devia ser amor."






  Por outras palavras, fiquei a conhecer a esbelta coleção de capa amarela. O que penso deste volume? Acho que é uma magnífica coletânea de contos natalícios, que nos consegue surpreender na maneira como aborda o tema festivo. Foram, sem sombra de dúvida, dos contos mais cativantes que já tive oportunidade de ler. 













Uma coleção da

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